quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Essa a primeira parte da primeira pagina de um livro que comecei a tecer.



Era uma noite comum de terça feira, daquelas em que o cansaço do dia parece levar todo o animo e deixar apenas as dores do corpo, as quais iam ficando despercebidas enquanto tomava seu banho. Uma água gélida, comum durante o inverno, o afastava da sujeira do mundo, quase que um despertador, que o acordava pra vida que vinha levando há certo tempo. Ali na solidão de seu banheiro, onde surgiam suas maiores idéias, onde buscava seu prazer solitário, tentava esquecer o sufoco, o arrependimento do não feito.
Ao terminar a ducha, prepara-se para sua agonia diária: tentar dormir sabendo que não conseguiria. A insônia o perseguia a alguns messes. Não era fácil repousar com sua cabeça latejando em pensamentos, idéias de futuro, desejos ansiados de ser alguém. O poço de informação no qual havia tornado-se só servia a si próprio, mas havia a vontade de mudança. Revirando-se de um lado a outro de sua cama as horas iam passando. Sentia-se só na madrugada só com o barulho dos grilos, vez ou outra com o som dos gatos em estado de gozo em cima de sua casa. Às vezes adormecia, mas antes de qualquer primeiro sonho já se via olhando para o teto.
Artur era consumido pela rotina diária. Morava com os pais, mas sentia o ambiente familiar ficar pequeno diante de suas ambições. Era cobrado a todo o momento a avidez de um primeiro emprego. Tinha terminado o segundo grau e passara no vestibular de jornalismo. Mas nada que viesse orgulhá-lo ou muito menos fazê-lo totalmente realizado. Sempre tivera sido o garoto calado, de boas notas e ar intelectual, todavia nunca recebera a atenção necessária da família.
“Quando se é mal interpretado é melhor manter-se afastado das pessoas que o cercam” - assim pensava em seu intimo. Esse era um de seus maiores medos. Decepcionar alguém a quem se quer bem. Sempre tivera um temperamento demasiadamente calmo, com certo ceticismo para com a humanidade, queria achar resposta para tudo, e sentido pro ato de existir. Fazia-se alto julgamento, tentava observar sempre os vários lados da situação através da analise da teoria do caos. Caos no qual permanecia estagnado. O que o tinha levado aquele estado? Perguntava-se enquanto permanecia acordado em mais uma madrugada fria.

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